sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Sim, eu receberia!

Sim, eu receberia as piores notícias, as piores dos seus lindos lábios. Porque nenhuma notícia deve se deveras triste na sua presença. Porque nenhuma tragédia é suficientemente desesperadora que me faça parar de te olhar. Independente da notícia, eu queria apenas ter meus olhos dentro dos seus como naquele instante em que te perguntei se você tinha entre tantos outros filmes e entre tantas outras promoções uma cópia qualquer a um preço qualquer de um filme maravilhoso que fala sobre paixões arrebatadoras como  a que senti desde o momento em que desci do carro e sentei na mesa. Antes de sentar eu notei que você me olhou, eu notei que você me olhou dentro dos meus olhos inquietos, e eu notei na quarta promoção  que não era apenas promoções, e eu quis verdadeiramente comprar alguma coisa, algum filme que ao menos te dissesse algo, mas eu não soube. Eu não soube fazer nada, além de pensar que era mais uma dessas paixões idiotas que me acometem durante o mês de agosto, mais uma dessas paixões platônicas - apenas coisas da minha imaginação. Eu perdi a esperança e agora só sobra um punhado amargo de falta de fé. Eu sei que não vai surgir, eu entendo que depois de um tempo a prosa não flui e basta apenas envelhecer, basta apenas esperar os dias se sucederem numa sucessão sem sucesso. E engolir para além da garganta a vontade de dizer que seria tentador te convidar para sair, mas eu confesso que eu não consigo fazer nenhuma conversa ser interessante, nada se prolonga para o segundo tempo ao meu lado...
- Sim é um filme da Camila Pitanga.
Eu podia ter dito algo mais interessante, algo óbvio, assim como você disse "Lindo título", eu podia ter dito algo, poderia ter elogiado seus olhos. A gente sabe quando entra no corpo do outro, a gente sabe quando as portas estão abertas, quando os olhos permitem a visita. Eu te olhei lá dentro e foi lindo, eu te visitei e quis fazer parte dessa história de vender cópias ilegais de filmes idiotas. Tão idiotas como esse meu pensamento de te querer uma vez, um dia qualquer, numa noite melhor que essa em que apenas te criei para mim, para minha necessidade de amar alguém.