sexta-feira, 11 de março de 2011

Teu nome,
Imponunciável na boca
Interditado na garganta
Presente no delírio febril.
Teu nome,
rodopios frequentes na noite,
nos dedos que percorrem
teus alvos, retratos, postais.
Teu nome,
Uma obscessão louca
Uma dose rota
O desastre.
Teu nome,
Escrito em toda parte
Rabiscado no cerrado dos punhos
Tatuado em mim

Algumas digitais intransigentes
Ainda te marcam em mim.
Entre os riscos do meu corpo
Sobrevives, flutua, quase refloresce.
Sou um campo de solo
fértil para o teu plantio.
À espera ansiosa da sua seiva.
À procura dolorosa das raízes.
Cave-as! Mais profundas que outrora
Mais eternas, étereas, ternas.
Extensas como o desmatamento.
Sedentas como as olhas que caíram.
Oh! Démeter abençoada, com suas
lágrimas inunda essa mata
E permita que no deserto renasça
o amor!

segunda-feira, 7 de março de 2011

"Eu sou o amargo da língua"

Tenho pensado em como não me encontro mais em mim, nem nos lugares que ando. Como não caibo nos círculos que vejo formados a minha volta. Ando evitando os amigos, o papel em branco me dilacera, as rimas me evitam. Tenho me frustrado com os livros, me decepcionado (sempre) com as pessoas. Como se não estivesse nos lugares, como se sobrasse nas rodas. Meu telefone mudo, os convites acumulados na caixa de email, os projetos - arquivos perdidos numa CPU inativa no armário. Minha casa de portas abertas- visitas e mais visitas. Elas notam a minha ausência. "- Ele é assim triste, mesmo!" "- Deve ser difícil esconder" "- Em que ele está pensando?" Todos errados em seus palpites. O niilismo de sempre que me devasta nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril, inunda a minha casa de telhas frouxas e colunas fragéis. Eu sou a ausência em pessoa. Insatisfeito com as coisas, temendo o próximo passo. Eu sou o desânimo, que se despede antes da madrugada, que vira, ávido, o copo de vodka cerveja refrigerante água gelo. Frígido, eu. Sem nenhum comentário, nenhum assunto a especular. Sem interesse pelos namoros alheios, concursos alheios, políticos alheios. Eu sou o alheio. Que recorre ao semblante apático, desinteressante. Eu, o interessante demais para tanto. Que revira as caixas de cartas fotografias livros histórias promessas. Eu, carta. Eu, fotografia. Eu, livro. Eu história. Eu sou uma promessa. Que não se paga, não se cumpre, não se finda. Farto da felicidade de merda, das dores no peito, fantasmas na nuca, infórtunios publicados, republicados, revistos. Eu sou isolamento. não se aproxime! Eu sou completo deserto. De areias movediças e oásis falsos: um deserto. Eu sou o vômito. Repleto dos excrementos de outrora, o dejeto posto para fora , o instante após a ruminação. Eu: um pensamento mesquinho a ocupar os dias, meses, anos. Uma placa anunciando o perigo. Um pedido de socorro silenciado. Repetindo a mesma frase da Glorinha "Eu quero ir embora!" Eu, o inocente. Enganado pelos amigos, apunhalado pelas costas. Que pensa, considera, avalia. Que exige a mesma honestidade nas palavras. Eu, o arrogante. Que grita, ordena, acumula rancores. O indesejado no baile. Eu, o social. O mais falso de mim na pista, que beija todas as bocas, sente-se uma puta, grava contatos que não se conectam; Eu, uma farsa. A maior verdade minha. Máscara. Personagem. Roteiro. Ficção. Teatro. Eu, Me acabo.