domingo, 21 de novembro de 2010

Despejo


Eu minto. Não sei se para mim ou para você. Qual de nós se importa com essa mentira? Qual de nós está ligando para os convites, para a minha decência, para esses olhares mortos que se esquivam com o meu novo jeito de ser. Acho que estou mesmo mudando, eu sinto. É algo que acontece no corpo mesmo - coisa de vísceras-músculos-intestino. Estou pondo você para fora de mim. Cumprindo a carta de despejo que te escrevi há meses. Te enxoto sem perceber que já me largou às traças há tempos. Sem notar que minha expulsão já passou da validade há anos. Resta apenas a indiferença - contrário do amor - Não sei. Houve amor? Eu me pergunto. Eu não acredito que amor se transforma ou se finda. Quando isso acontece não houve amor, meu bem. Apenas um rock and rool. Uma mentira como essas todas que eu conto diariamente sem me importar se você acredita. Apenas minto com um instinto de sobrevivência. Eu não vou mais implorar palavras, versos. Você me cansou com onomatopeias. Estou farto de servilismo, de espera, de esperanças não dadas. Farto de egoísmo, de incompreensão. Farto da falta de. Reação. Respostas. Verdades. Autenticidade. Gratidão. Farto de saber da tua farsa, farto de me ver nessa falácia. Farto. por isso estou te dando a última chance de sair sem que eu tenha que jogar as tuas malas pela janela como uma mulher possessa. Não nos casamos, eu sei. A intimidade que pintei só existiu para mim. Você nunca morou nessa casa. Nunca habitou meu interior. Nunca entrou por essa porta que eu deixo escancarada. È por isso que demora tanto a ir embora? Por isso que não lê a maldita carta? Não temos mais nada em comum. Ao teu lado eu vegeto. Prefiro ao que imagino de ti à tua presença. Não nos bastamos. Cadê a minha dignidade? Você me humilha, me menospreza, me faz cantar Com açúcar e com afeto. Vai, vai embora. Pára de se esgueirar na porta, eu preciso fechá-la

sábado, 13 de novembro de 2010

O muro


Tua alma sorri agora com sua nova companhia feliz? A pessoa certa para os teus passeios vazios eos teus pensamento futéis, agora tão próxima a ti. E não pense que acho inutéis as coisas vzias e futéis das quais se debruça constantement. Ao contrário, felicidade superficial nos torna "burro, gordo, alienado e completamente feliz".

Entre vocês não exite esse muro invísivel que nos distancia nossas mentes. O muro que eu não via, mas aos poucos fui percebendo bloco a bloco, quase que descobrindo um a um. Blocos que impediam a perfeita visão que supuha ter.

Quando surgiu o primeiro bloco, eu confesso qu ignorei, um cisco no olho que incomoda, apenas. Mas quando foi que sobrou apenas um para eu perceber esse imenso amotoado de cimento e cal que nos separa? Será que se eu gritasse resolveria? Ou pareceria como sempre esse menininho chorão que reclam da vida?

Quando foi que nos perdemos nessa descrença? Porque por um momento eu acreditei nas tuas e pensei que você acreditava nas minhas. Hoje eu não creio. (há algo mais dilacerante do um ponto final após essa negação)

Não cremos. Como é humilhant conjugar esse verbo. Como é egoísta e vaidoso lamentar essa falta de crença. A crença não é engraçado e ao mesmo tempo trôpego? E tudo que eu fale é paráfrase ou plágio, para ser mais sincero, do Caíto - intimidade fantasiosa - tão massacrado, repetido e invejado por qualquer escritorzinho de merda (tipo eu)

Eu queria apenas te dizer uma dessas últimas coisas dessa lista iterminável que me leva a crer que ainda te dedico muito: -Cá do meu lado do muro, as coisas pequenas importam sim. A integridade física, a repercussão dos fatos, os meus preconceitos e pré-concetos, as idiossincrasias/ideologias minhas, minha verdade! Abro o último parágrafo, o derradeiro para dizer ridicularmente, repetidamente:

Apenas não creio

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sopro versos como quem sofre,
como quem se alimenta mal,
dorme pouco, atravessa
espadas pela garganta.
Como quem se joga da janela
do apartamento, como quem
compra chumbinho e guarda
no armário: teço versos!
Como uma maldição eterna,
como dissabores diários.
Como um resmungo, um grito
um diálogo-monossilábico.
Eu e os versos,
como duas pessoas abandonadas
no meio-fio da avenida principal-
de uma cidade qualquer, tipo essa-
esbofeteando um ao outro
no automático.
Os versos, os versos...
Eles me engolem!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010


Enquanto não te dói a poesia

Escreva mais um verso pungente

Como quem lança uma dose

de vodka na garganta.

Eu não quero construir s`eu lírico

nessa casa assoberbada

de in-verdades.

Desejo apenas glória, luz

e freio na língua

Para que não termine

Acotovelando-se.