Sopro versos como quem sofre,
como quem se alimenta mal,
dorme pouco, atravessa
espadas pela garganta.
Como quem se joga da janela
do apartamento, como quem
compra chumbinho e guarda
no armário: teço versos!
Como uma maldição eterna,
como dissabores diários.
Como um resmungo, um grito
um diálogo-monossilábico.
Eu e os versos,
como duas pessoas abandonadas
no meio-fio da avenida principal-
de uma cidade qualquer, tipo essa-
esbofeteando um ao outro
no automático.
Os versos, os versos...
Eles me engolem!
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