domingo, 28 de setembro de 2008

dessa vez realmente estou descalço sobre os paralelepípedos. Não há mais nada a se conquistar, não uma aventura a mais, um risco a menos. As faces estão expostas. Os umbigos. O dinheiro. os cargos. As trevas serpenteadas por fogo-morto.
E aprendi qual é a sensação ruim que sempre me doma: de roer as entranhas e só prever futuro, escuro, assalto. Medo. tempo perdido na rua.
è quando só sobra a solidão e palavras repetidamente desconexas.
Vai passar. Há de passar...

Filhos Pródigos - Lygia Fagundes Telles


"Comecei a sentir falta de alguma coisa, era do cigarro? Acendi um e ainda a sensação aflitiva de que alguma coisa faltava, mas o que estava errado ali? Na hora da pílula lilás ela foi buscar o copo d´água e então ele me olhou lá do seu mundo de estruturas. bolhas. Por um momento relaxei completamente: não sei onde está, mas sei que não está, eu disse e ele perguntou: "jogar?" Rimos um para o outro.
...
Saiu e fechou a porta. Fechou-nos. Então descobri o que estava faltando, ô Deus. Agora eu sabia que ele ia morrer

sábado, 27 de setembro de 2008

Vazio!

Grande bolha que me alucina. eterno não querer bem. Será que assim isso tudo passa. Me baseando no vômito do seu baseado! Canseira! Etér idade! desordem! falta de siso! falta de gente! De enlaço! De descaso. Aço ! Pueril ação! Canção! Vinho! Morte por todos os lados! Recordar! Parar de pensar! parar!

domingo, 21 de setembro de 2008


Só Nos Resta Viver
Angela Rô Rô
Composição: Indisponível
Dói em mim saber

Que a solidão existe

E insiste

No teu coração

Dói em mim sentir

Que a luz que guia

O meu dia

Não te guia não

Quem dera pudesse

A dor que entristece

Fazer compreender

Os fracos de alma

Sem paz e sem calma

Ajudasse a ver

Que a vida é bela

Só nos resta viver

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Depois da casa de campo, a casa aos pedaços


Lembrei de vc esta semana estava conversando sobre uma musica da Zélia Duncan com n sei quem que diz que amigo é casa.E lembrando de nós foi quase uma missão impossivel construi-la vc me achando muito paulista nojentinha e eu te vendo com um esquisito com mania de perseguição.Daí quando eu fui embora a nossa casa tava meio esquecida as paredes cheias de racharudas pintura velha encanamento quebrado - ainda assim mesmo esquecida era uma casa.Ainda é.Nossa amizade é cheia de altos e baixos e brigas por isso mesmo muito importante pq é dificil ser amigo sendo tão diferente e nós somos.Sei que já não é uma amizade no presente estamos distantes.Mas aquela casa que nós construimos com ferro e fogo ainda está em algum lugar ainda existe e nem nossas brigas a derrubaram.Amigo é casa asa e raiz.Tenho saudade.

Savanna Sales.

domingo, 14 de setembro de 2008

Nós


Eu gosto de Nós, por representar conjunto, por ser a primeira pessoa do plural, por ser plural de nó, que foi blog, é tecido, e sempre vive amargurado no peito, amargurando os meus dias, ditando os meus textos, me cuspindo meio antropofagicamente. Tropeçando, não por causa de nenhum cigarro que deixei de fumar para bancar sempre o careta, mas por me drogar sozinho com a voz da angela Rorô, que é tão Caio Fernando Abreu vertendo palavras de ourives em meu peito, me trazendo a pungência Da Lygia fagundes Telles, com seu semblante de água com açucar, mas verdadeira cuspidora de fogo, roedora de dores e destiladora de venenos. Isso tudo está fazendo eu pirar de Clínica, todos esses fantasmas que ainda vivem assombrando essas casas pré- fabricadas, fabricadas e pós-fabricadas. "Você já reparou nas unhas dele?" "Sangue" "Mineral ou do Filtro" "Nosso caminho é um só chefe de Tebas"
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sábado, 13 de setembro de 2008

Eu não queria que fosse aqui, não nesse lugar impregnados de nós, de nó, de todos os outros. Poderia ser no meu diário, mas ele está revoltado por tê-lo abandonado tantos dias a fio. Na verdade deixo tudo mesmo muito abandonado, largo as coisas e as pessoas, numa bagunça só minha, mas as encontro antes que o amanhecer laranja-amarelo-ovo nos surpreenda. Porque eu estou farto de que não saiba as minhas verdades, as verdades que cuspo da minha garganta, como gravetos apanhado sob as unhas. É... ainda há gravetos nessa minha casa pré-fabricada, construídas com tijolos de areia na madrugada. E não mais me importa os pretos que a vida me deu, pretos não aceitam fraquezas, covardia. CoVaRdIa. Sabe o que é isso? Ih, sabe sim, é o que presenciamos todo o tempo, por parte do chefe, da sinhá, da sua parte, da minha parte. Partes que não mais colaremos num novo texto rabiscado na parede. E quando o olhar dela sumir eu paro de escrever compulsivamente. O Olhar da testemunha ocular de um crime sem perdão! Sem razão! E eu sei que eu não te quero mais, A única pessoa que vou querer sempre é a Luzinete, a Lilith. Você não, é só asco das suas baforadas alcoolicas, das suas atitudes que não reconheço, do seu segui-lo como uma puta malsim. Puta Mal sim. Puta. Não pura, nem virgenzinha, nem santa, como tantas, apenas puta. E aquelas palavras ditas, uma após a outra na minha cara, e as outras que apenas aquela outra vagabunda ouviu. Falta sumir apenas um olho. Ela está indo embora como todos foram... Um por um e em debandada. Talvez seja a última linha, para dizer que sofro muito ao te ver com passos trocados, rebolante, mas trocados, e aquelas palavras, nos separam eternamente....

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A Medalha

Baseado no conto homônimo de Lygia Fagundes Telles

(No cenário apenas uma escada, a maior possível. Adriana entra soturna e silenciosamente para não encontrar-se com o pai, tira os sapatos, deixa-os na beira da escada. Ela vai subindo degrau após degrau, meio eufórica, até que o pai a surpreende)

Pai (seco) – Adriana!

Adriana (entediada) – Acordado ainda, pai?

Pai (virando a cadeira de frente para a platéia) – Precisava ser Também na véspera do casamento? Precisava ser na véspera?

Adriana (altiva) – Precisava!

Pai – Cadela. Já viu sua cara no espelho, já se viu?

Adriana (já sentada no último degrau da escada, tira um cigarro da boca e o acende) – Acabou, papai? Quero dormir!

Pai (suave) – Na véspera do casamento. Na vés-pe-ra. Você viu sua cara no espelho? Já se olhou num espelho?

Adriana (completamente cínica) – Já. Mas o véu vai cobrir minha cara, querido. O véu cobre tudo. (num surto) Ih, tem véu à beça. Vai dar uma beleza de noiva, você vai ver.

Pai – Cínica. Igualzinha à mãe. Ela ia achar graça se te visse, aquela cínica!

Adriana (ofendida) – Não fale da minha mãe!

Pai – Falo! Uma cínica, uma vagabunda que vivia no meio de vagabundos, viciada em tudo que é porcaria. Você é igual, Adriana. O mesmo jeito esparramado de andar, a mesma cara desavergonhada.

Adriana – Ela era pura!

Pai – Pura! Aquilo então era pureza? Hem? Uma vagabunda, uma irresponsável, viciada em bolinhas, igualzinha a você. Pura, imagine... Estou farta desse tipo de pureza, quero gente com caráter, sabe o que é caráter? É o que ela nunca teve, é o que você não tem. Na véspera do casamento...

Adriana (desafiadora) – Na véspera ou no dia seguinte, que diferença faz?

Pai (ressentido) – Ás vezes nem acredito. Uma filha assim.

Adriana – Assim, como? Sou ótima, pai. Uma ótima menina (saliente) é o que todo mundo diz.

Pai (descontrolado) – Por que não se casa com ele? Hem? Porque não se casa com ele, Adriana? Por quê?

Adriana – Com ele quem?

Pai – Com esse vagabundo que acabou de te deixar no portão.

Adriana – Porque ele não quer, ora.

Pai – Ah, porque ele não quer. (triunfante, entre dentes) Gostei da sua franqueza: “porque ele não quer, ora!”. Ninguém quer, não é mesmo? Você já teve dúzias e nenhum quis, só mesmo esse inocente do seu noivo...

Adriana – Mas ele não é inocente, paizinho. Ele é preto!

Pai – Por que você diz isso?

(Adriana deixa cair o cigarro. Desce as escadas, calça os sapatos, e com o salto esmaga o toco do cigarro. Em seguida, pega uma mecha do cabelo, põe abaixo do nariz)

Adriana (menina) – Olha aí meu bigode, agora tenho um bigode!

Pai – Responda. Adriana, porque você diz isso? Que ele é preto.

Adriana (fingida) - Porque é verdade, querido. E você sabe que é, mas não quer reconhecer, esse horror que você tem dos pretos. (irônica) Não deve ser mesmo muito agradável ter uma filha casada com um preto, preto disfarçado, concordo. Mas preto. (aterrorizada) Já reparou nas unhas dele? No cabelo? (rindo) Reparou, sim, ih, você é tão atento, um faro que vai longe! (num devaneio) Sou branca, mas meu sangue é podre, o sangue dele é que vai vigorar, um sangue fortíssimo. Seus netos vão sair bem moreninhos, aquela cor linda de brasileiro, sabe como é? Claro que sabe, um perito no assunto. Hum? Nunca vi ninguém reconhecer preto assim fácil como você reconhece, o tipo pode botar peruca, se pintar de ouro e de repente, num detalhe, num detalhezinho...

Pai – Tenho muita pena desse moço. Imagine, casar com uma coisa dessas.

Adriana – Mas ele vai ser podre de feliz comigo, você vai ver, pai. (desdenhosa) Se encher muito o saco, despacho o negro lá pros States, tem uma cidade lindinha chamada Litlle Rock, já ouviu falar nessa cidade? Ouviu, sim, você adora ler essas coisas. (em gargalhada) Lá a diversão é linchar a negrada...

Pai (inclinando-se na cadeira) – Você não pode mais me ferir, Adriana. Ela também não conseguia, podia fazer o que quisesse, dizer o que quisesse. Não me atingia mais. Ficava aí na minha frente, com essa sua cara, igual, a se retorcer como um vermezinho viciado e gordo.

Adriana (paranóica) - Emagreci seis quilos!

Pai - E gordo. Você duas são tão parecidas, Adriana. Tão parecidas...

Adriana (sorri e se fecha de repente) - Acabou? Quero dormir, querido.

Pai (desmotivado) – Fiz o que pude!

Adriana (empurrando a cadeira) – Então, ótimo, agora queria dormir um pouquinho, posso?

Pai – Nem quinze anos e já se agarrando com seu primo na escada, lembra? Lembra sim... Nem quinze anos, Adriana, nem quinze anos e já emendada naquele devasso.

Adriana – Ele não era devasso!

Pai – Não? E aquelas doenças todas? Dependurado em negras, viveu anos com uma, pensa que não sei?

Adriana (ofendida) – Ele não era devasso. E ele me amou!

Pai – Amou... Fugiu quando foram pilhados, lembra? Ah! Lembra sim! Fugiu como fugiram os outros, nenhum quis ficar, Adriana, nenhum. Vi dezenas e dezenas de homens te apertando pelos cantos, uma escória que nem dinheiro para o hotel tinha. Um por um, fugiram todos!

Adriana (num esgar de choro) - Ele me amou.

Pai (empunhando uma caixa) – Olha, dentro desta caixa está a medalha que foi da minha avó, depois passou pra minha mãe, que conversou consigo, e me pediu que te entregasse no dia do seu casamento. Você casa amanhã, não? Casa hoje, já é dia. Leva a medalha, Adriana. É sua. Quando sua filha se casar, será de sua filha. Só espero que não enegreça no seu pescoço.

(Adriana sobe novamente a escada, de salto, senta-se no último degrau, tira os sapatos e conversa com eles)

Adriana – Você fugiu de mim na escada. Porque você fugiu de mim na escada, hem? Eu precisava tanto de você. (gritando) Está escutando?

(Adriana atira os sapatos do alto, pára, enxuga as lágrimas, tira a medalha da caixa, enrola numa fita e amarra no degrau da escada, e desce calmamente)

domingo, 7 de setembro de 2008

Vai curtir os teus nativos no Sri Lanka!

Manifesto à paz-607

Quero falar sem poesia, não há poesia em tudo que trato, apenas vergonha, asco, nojo e insensatez. Sangue, sangue , sangue, de um Brasil que não vai nada bem.
Hoje sofri uma tentativa de assalto no ônibus, e só consegui me assustar depois. só pude notar que o cara estava com um canivete no bolso e pedia na maior cara de pau o meu celular e o pouco dinheiro que tinha, muito depois. E ainda me sufocava com seus dentes apodrecidos exigindo "não faz enxame" "não faz enxame". Não sou abelha cacete, que se foda todo o resto. Reagi, me afsatando e ainda tive que cumprimentá-lo antes dele saltar do ônibus no terminal do centro tranquilamente. Para assaltar outras pessoas. Enquanto isso, os carros de som continuam fazendo uma campanha rídicula onde todas as picuinhas e necessidades frívolas são avaliadas, discutidas, tombadas. Menos uma: nossa integridade. Por isso Zaira, continua com seus planos, sonhos e projetos de Europa, aqui não há mais espaço....



imagem: http://tramavirtual.uol.com.br/img/content/band/f_58/146602.jpg

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Caça as bruxas - momento de destilar o veneno e corroer algumas idéias


Se aproxima a galopes os golpes em direção a minha cabeça, e será preciso muita paciência para aguentar tanta incoerência, tanto cinismo, e tanto destempero. E eu só queria sonhar, ficar no meu canto: quieto, com meu veneno adormecido, entorpecido! Não gosto que mexam nos meus sonhos infantis, juvenis, nem nos meus projetos. Abaixo a soberba! abaixo o discurso burguês! Quero cores, mais cores, o verde das árvores que estão sendo derrubadas no Cefet-se, o azul do céu da rua Himmel, o branco que sempre sujo de catchup, o roxo que a pritty diz ser dela mas é meu, o vermelho que é paixão-batom-carta-vanessadamata-tirésias, o bege do caio fernando abreu, o amarelo do figurino da minha menina tonta, o preto do negro gabriel... E por favor não me exigam um bom português. Me deixem errar também com as palavras, necessito de erros para amadurecer as idéias. Para construir novos castelos de areia com unhas corroídas, tristeza nunca mais. Não enche!Qualquer coisa eu volto na próxima primavera, na próxima estação... Com novos projetos! Com novos sonhos, com novos amores e amoras. Ah! Nem mesmo eu me gosto. Sinto cheiro de intriga em todas as paredes descascadas....