domingo, 30 de novembro de 2008

Antes do Baile Verde - Lygia Fagunde Telles



- Os objetos

" Quando olhamos para as coisas, quando tocamos nelas é que começam a viver como nés, muito mais importantes do que nós" pg4

"Se ninguém nos ama, viramos coisa fora de uso, nenhuma significação" pg5

- Verde lagarto amarel

"Assim queria escrever, indo ao âmago do âmago até atingir a semente resguardada lá no fundo como um feto" pg10

"Precisava ficar´por perto, sempre em redor, me olhando. Desde pequeno, no berço já me olhava assim. Não precisava me odiar, eu nem pediria tanto, bastava me ignorar, se ao menos me ignorasse" pg 15-16

- Apenas um saxofone

"Aprendi com ele que palavrão em boca de mulher é como lesma em corola de rosa" pg 19

"Então as pessoas em redor podeerão ver como sou autêntica e ao mesmo tempo erudita, tão erudita que se quisesse podia dizer as piores bandalharias em grego antigo" pg19

"Onde?... Tenho um iate, tenho um casaco de vison prateado, tenho uma coroa de diamantes, tenho um rubi que já esteve incrustado no umbigo de um xá famosíssimo, até há pouco eu sabia o nome desse xá. Tenho um velho que me dá dinheiro, tenho um jovem que me dá gozo e ainda por cima tenhoum sábio que me dá aulas de dutrinas filosóficas com um interesse tão platônico que logo na segunda aula já se deitou comigo" pg 21

" É preciso variar as histórias Luisiana, o divertido é improvisar que para isso temos imaginação! É triste quando um caso fica a vida inteira igual..."

- A Chave

"Magô era jovem e os jovens gostam de cores fortes, principalmente os jovens que vivem em companhia de velhos, E que desejam disfarçar esses velho sob artificios ingênuos como meias de cores berrantes, camisas esportivas, gravatas alegres, alegria, meus velhinho, alegria" pg55

"Com ele aprendera que envelhecer é ficar fora de foco os traços vão ficando imprecisos e o contorno do rosto acaba por se decompor como um pedaço de pão a se dissolver na água" pg 58

Foi mal... Desaprendi a escrever! OFFF

terça-feira, 25 de novembro de 2008


No embalo da rede tenho dormido cerrado na fata de sonhos sonhados ao adormecer. Tenho me fartado apenas de ilusões que alucinam a minha casinha da árvore mental, e insistem em não transcenderem. Tudo transcede, sabia? Só fica a saudade de um tempo que não foi, e se essa frase já foi transcrita em algum lugar que me perdoem o atrevimento atroz. Mas tenho andado meio máquina mecânica numa cadência eletromagnética. Será que me entende? Deve estar tudo um tanto quanto "niilista" em brasa. Que culpa eu tenho de só saber me expressar em palavrões?

Espero que as moscas se embebedem essa tarde e sumam do meu planeta perfeitinho demais para sua presença! Cansei!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

domingo, 16 de novembro de 2008



Não sei que rato roedor de desejos me cerca, nem entendo porquê tenho essa necessidade de aumentar o meu léxico. Me sinto infundado. Parece que tem uma nuvem branca não nos meus olhos, mas em minha mente, que me pavoneia, me alucina. E ela não me permite chegar a lugar nenhum, é um vazio que não seca pela simples razão de não ter o que eliminar. E eu me sinto inoportuno, trivial. Aquele miojo no armário usado apenas quando necessário - nem sei se o verbo usar se adequa aqui.
E eu não sei caminhar com minhas próprias pernas. Se o Caio me dói, O Saramango me sacode de uma forma terrível : "Penso que não cégamos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que vendo, não vêem" [:o]. Somos todos cegos, cegos que apenas olham por terem olhos, mas incapazes de visualizar um palmo a frente do seu nariz. Eu me sinto assim abandonado igual ao menino do semáforo, com a diferença que eu não aprendi ainda a fazer malabares! Talvez as pessoas se relacionam como as bolinhas dos malabares, umas pessoas sempre por cima, outras sempre por baixo, e outras que nunca percebemos por onde oscila.
Tenho me deparado com coisas tão singelas a me alegrar efusivamente. Essa semana me alegrei com a vinda de Ingedore à Aracaju - não, não possuo nenhuma intimidade com ela, trata-se da maior estudiosa na aréa de Linguistica Textual - com uma conversa informal tida com um professor admirável, com o livro de Saramago que me silencia, com umas fotos maravilhosas que encontrei em orkut's alheios... Tanta simplicidade repugnante. E eu me sinto imensamente gordo! Repugnante, como a minha falta de nada. Cansado de não saber ir além dos meus pensamentos. Não saber ainda caminhar com minhas próprias pernas

sábado, 15 de novembro de 2008

Está bem, eu assumo, preciso de uma dose urgente, uma dose urgente e permptória, quase uma overdose de teatro, de ensaio de texto, roteiro, aula, aquecimento, ansiedade, diretor enchendo o saco enquanto coça o saco, pseudo-atores contracenando comigo, me fazendo engolir o velho proverbio: "quem com porcos se mistura, farelos come". Eu preciso urgentemente que alguém me tire desse vazio, desse marasmo, desse vácuo em que me encontro. Eu quero nem que seja uma peça infantil de quinta, sexta categoria, que objetive apenas lucros e cachê. Não que eu não precise do cachê, preciso, quero, mas rápido,antes que eu tenha um avc

p.s: Não estou em plena consci?ência. Passam das duas da manhã

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Um Feliz ano!

Conheci um ator decadente, e desse dia em diante passei a analisá-lo fonologicamente, morfologicamente, semanticamente, discursivamente. Ele me agonia e possui um vício insuportável de enrolar os afros-cachos em sua cabeça envelhecida. A puxar um a um os desastrados e desarrumados cabelos.
Ah, infeliz! Quanta infelicidade me causa. Esses olhos melancólicos, essa roupa surrada e maltrapilha, que devido a sua vaidade explícita, prova não se tratar da moda ditada pela sua classe. Classe de infelizes como tu, diferentes apenas pela fortuita e trivial sorte.
Infeliz ator! Escárnio dessa malfadada turma de arrogantes prepotentes, empedernidos nos umbrais de um narcisismo pusilânime. Vetusto amigo, ás vezes gajo, em alguns momentos pedante, incapaz de se manter num contexto real. Recorrendo sempre a uma espiritualidade fajuta a escamotear a esperança dos pobres mentecaptos.
Sem um projeto, um vale transporte, certa dignidade a lhe faltar. Estão latente as suas ideologias, seus conhecimentos, seu valor. Caminha para chegar a lugar nenhum. Tropeçando em erros congênitos. Cada dia decaindo um degrau, me refletindo em si. À espera de um novo ano para recomeçar. Ah, Infeliz! Apenas te desejo um feliz ano!

domingo, 9 de novembro de 2008


Estou tentando sair dessa órbita que circunscreve os meus últimos dias, meses, anos. Calendário de maus presságios, ansiedade-unha-roída, atrativo de miasmas. Quero apenas desencanar, poder ver em meu vizinho um potencial além de fermento para engrandecer essa massa de empedernidos incuráveis.
Farto de desilusões, das mesmas músicas ordenadas num ritmo que não satisfaz, dessa maldita e infeliz conjunção "que" me persegue textos a fio. Desse taciturno e moribundo domingo repetido semana após semana. Resultado de decisões não tomadas, de vícios não controlados, de humilhações acumuladas.
Vergonha das gavetas pretas na minha alma, dessa indecente falta do que falar, aboletar, solicitar, pensar, planejar, sonhar, mofar, teorizar, acompanhar, evitar, raciocinar, economizar, argumentar, silenciar, metaforizar, desdenhar, calcular, projetar, caminhar, aventurar, palavrear, totalizar, remediar, remendar, escamotear, e toda essa sucessão de infinitos obsoletos em meu dia.
Eu apenas vou parar de deletar...

sábado, 8 de novembro de 2008

Engavetando o passado




Clow
Dia a dia
A agüentar
O riso Forçado da palhaça:
- Palhaço!
Canas a chupar,
Incompetência de menina,
Não-moça,
Tanto Vagabunda,
Aparentemente quietinha,
Aparentemente quente,
Aparentemente social,
Apenas: sem espírito!
Ide!
Caminha com as próprias pernas,
Não se acomode
Torne...
A estudar, teorizar, pensar...
Correr...
Vai apanhar (espero!)
Não tema pintar a cara
Largue de ser palhaça
Torne-se clow.

Você se arrependeu. Eu me arrependi. Nós nos arrependemos. Nada daquilo existia no outro dia, ao chegar e espalmar a sua mão na minha cara, impedindo meu abraço, ato,caso – nosso, talvez só meu- mas puro seco sem penetração. Feito de toques, línguas frementes e palavras ácidas.
Poesia e prosa: foi esse o lucro desse encontro amorfo. Mofado em gargantas entorpecidas daqueles venenos-beijos.
Sobraram apenas os poemas rasgados, as prosas mínimas. O amor que não era mais uma vez verdadeiro. O amor-cismado, de protocolo, em meio a um livro nada a ver. Rodeado de politicalhas.
E sonhei. Sonhamos. Talvez a palavra de alguém, a sua fraqueza em relação a mim, tenha posto tudo por água abaixo. E não há mais nada... Nem aqueles abraços dados na noite sem telhas com aroma de erva queimada.
Agora resta apenas a vontade de tornar isso tudo palavras a serem postas e guardadas nas gavetas de algum porão.

28 de julho de 2008

Hoje conferi a coluna de ofertas de empregos e me espantei em perceber que não me encaixo em nada. Estou perdido no tempo e nessa freqüência. Estava tentando sepultar os últimos sonhos que sobraram desta quimera.
Tentei, sinceramente não ser aquele que sempre resmunga o que se tenta. A pessoa que apenas ouve, foi embora de braços dados com o menino gritante e compulsivo. Macabéas adormecidas dentro de mim. E apenas um salário mínimo resolveria todos os meus problemas. Ou quase todos!
Ainda assim, espero constrangido os sinos badalarem, não basta apenas esses batuques roucos e buzinas bucais! Alarmando esses gemidos dentro de mim.
É, acabastes saindo antes de eu adormecer. Consigo tão poucas coisas nessa vida. Até as visitas são desmarcadas, até os falares não são cogitados.
Preciso urgentemente desencanar, encanar, canar, ar: GRITAR! ENLOUQUECER! Para voltar ao mesmo lugar ao amanhecer das 11 horas.

20/10/2008

Não, não é de forma alguma amor. Não me convenceste da existência dessa utopia. É apenas essa dor exposta, não como feridantiga, mas como feridaberta, que não coagula. Hemorragia-exposta-espressa. No olhar que não enfrenta. Nessa voz embargada, nesse conter-se incontente. È você e não eu.
Se houvesse cascas a descascar essa camada humana que ainda te envolve. E a cada momento que te vejo é como se eu estivesse presenciando um suicídio. Não sei de forma alguma que esperança guardada na caixa de Pandora ainda te freia.
Ás vezes, encolha esse corpo9, seja meu feto, comovente, choroso, repugnante. Para que em teu ouvido cante a velha canção que é a única experiência que levo : “De flores e esmeraldas, colhidas na manhã, farei lindas grinaldas para enfeitar teu coração”
E será apenas um sussurro, ininteligível, assim como essas palavras não expostas.



Acho ser amor
Esses hematomas que escorrem de minhas mãos
Arranhando as paredes desse intestino
Sombras, fumo, acidez
Um pouco de poesia para sua vida
Um tanto coisa simples, tragável
Até quando vou me sentir tão menino
Indefeso em meio a turbilhões de venenos
E as dúvidas? E as dívidas?
O verdadeiro sentimento abafado no travesseiro
Como o meu que não se cicatriza
Na verdade: demos vivas!
Preciso urgentemente de vivas!
Para agüentar esse monte de bosta
Fedida! Fedida!

sábado, 1 de novembro de 2008


A primeira vez que a vi, ou que me lembro que vi, ela usava um vestidinho rodado de menina, não sei se xadrez, se preto com branco, mas havia algo vermelho nele, não sei se a fita que envolvia a cintura de menina, um dia mulher... Estávamos numa igreja que nunca havia frequentado, uma igreja simples e tão fictícia, que não me parecia real. Nosso tio comemorava bodas de esmeralda, e ela compenetrada assistia a pregação do padre, ao lado daquela prima mais velha que meu pai, que parecia a deter de qualquer impulso infantil num lugar sagrado... Como se ela fosse capaz de cometer qualquer gesto que não se adequasse a princesinha que ela representava. Uma princesa que me fascinava e que me fazia ter vontade de me aproximar, de puxar conversa, de trocar alguma informação que durasse durante a semana, quem sabe trocar telefone?

E não sei se após tanta tortura, depois da missa, ela e a prima parou para nos cumprimentar, se a olhei de perto, se sorrimos um para o outro, se ela me achou idiota, se percebeu a minha agonia naquela calça de pano preta que hoje adoro, mas na época me agoniava. Sei que não houve nenhuma palavra dita. Foi uma paixão platônica, mesmo antes de saber quem era esse tal Platão. Durante alguns dias pensei nela com saudades e esperanças. E sonhava em revê-la, para dessa vez pronunciar alguma coisa, para dessa vez dizer algo a mais que não o silêncio. Para quebrar aquela amizade de palavras não ditas. Durou alguns dias e passou... Como se passa todas as coisas que não se acercam da nossa rotina - que naquela época é como a de agora - uma bruta merda - esqueci! Lembrava-me apenas quando ouvia pronunciar nesse ramo da família que não mantinha nenhuma contato.

Numa última festa que fui dessa enorme família, ela estava lá, linda e completamente loira, num vestido branco e curto que a deixava radiante. Novamente quis puxar conversa, quis manter contato, dizer alguma coisa, provar existência, mas essa timidez colossal não permitiu e fiquei calado. Ela se aproximou da nossa mesa, cumprimentou a família e, principalmente se referiu a meu pai efusivamente, lembrando de seus jipes, de alguma possível volta que deu, e olhando para mim, disse que se lembrava da minha existência, será se já nos falamos algumas vezes? se brincamos? Não sei, apenas me senti imenso diante daquela lembrança contrapondo a ideia de inferioridade que sentia diante daquela mulher linda e loira que tinha mudado tanto durante esses anos. Mas continuava a me fascinar, a remexer na minha alma. E na pista de dança dancei, e a vi dançar, parecia que só havia nós dois naquele salão, o desconhecido marrento cabeludo, e a menina mais linda que liderava a beleza opulenta da família vasta, e que me é tão desconhecida. Novamente voltei sem uma palavra trocada, não era mais um menino bobo, não alimentava nada mais do que a certeza de que ela possuía uma beleza imbatível. Dessa vez não demorei a esquecer - a rotina estava um pouco mais agitada.

Semana essa que passou - a rotina voltou a ser uma merda - fiquei sabendo que ela estava na UTI, tinha sentido uma dor de cabeça repentina, e estava no mesmo hospital onde eu estava com meu tio, pensei em perguntar sobre o caso dela a alguma enfermeira, saber noticias, quem sabe visitá-la, encontrá-la irreconhecível em sua beleza, mas viva, e dizer em seu ouvido, quem eu era. Um primo distante, que se impressionava com a postura dela numa missa, e que se sentia um tolo por ter sido lembrado em uma festa. Mas então, soube que ela não mais respirava, que já havia sido sepultada. E eu quis ir no velório, quis conferir pela última vez a sua beleza, ver o enterro, quem sabe segurar... Mas não fui, e hoje resta apenas a lembrança e a necessidade de encontrar a foto dela em orkut's desconhecidos, para que essa reminiscência me ocorra sempre, e não seja esquecida em meio a rotina

A Corrente do Bem

Estádia em hospital, não é de fato legal... Não há nada a aproveitar, o cheiro não de éter, mas de coisa insossa e de desgraça atravessa as narinas e fica impregnada na alma, e mesmo que a gente esfregue não sai. Parece que você também pegou algum vírus, alguma infecção que não há soro, não há injeção, nem sonda que melhore. Passar aquela noite No hospital Cirugia não foi fácil, o cheiro do doente remexia minha alma, mas recuperei algo que havia perdido na estrada... minhas lágrimas, hoje já posso chorar, e choerei muito no fim do filme que todo mundo já tinha assistido e chorado... Acho que realmente não sou o mesmo, e que demora para o ano acabar!