domingo, 30 de agosto de 2009


Se para nascer o amor for necessário o sacrifício de um rouxinol, prefiro não amar.

Quanto tempo. Nos provamos preconceituosos, e consequentemente, humanos. O preconceito deve ser cultural, mas não quero tratar sobre cultura agora. Depois da nossa projeção, tendo o link exposto no jornal Cinform se torna necessário não te tratar como um diário. Está na hora de começar a fazer os pré-projetos que o WIlton indica em sala de aula. Escrever não pode mais ser entranha, vísceras e esperma. Escrever agora é mapeamento, matemática, lógica? Como escrever coeso coerente se vivo caótico? Meu processo criativo não é tecido, e se texto é tecido, os meus vivem em profunda descostura. Não sei alinhavar as ideias, e não quero ser lido. E não minto, se escrevo algumas coisas são puramente por algo maior que a receptividade que possa causar. Temo todos os pedestais que se colocam a minha frente. Pois o tombo é bem maior.Tenho medo dos tombos, das quedas, das chagas que podem me marcar. Eu não lido bem com muitas coisas. A minha vaidade é vaidosa ao ponto de querer existir sozinha. Eu estou inundado de lugares comuns. Não sei concluir bem.....

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ela já o notava há dois semestres. Ele era frio e sulista o suficiente para se passar por esnobe. Ela tentava o olhar nos olhos e dizer o quanto o admirava assim, torto e tímido, mas ele não tirava os olhos do café quente que o tranquilizava na matina. Conhecia os gostos dele por literatura e sonhava em discutir os contos, as frases que a alucinava. No entanto, ele era imensamente interessante para o seu apetite, e, mesmo desejando beijá-lo horas a fio, não podia degluti-lo nem mordê-lo, muito menos mastigá-lo porque ele era aquele tipo de doce fino de festa de casamento, daqueles que embelezam a mesa e é pecado comer.
Um dia, meses depois de encontros em corredores com café, olhos, e livros embaixo do braço e entocado na mochila, ele se encontram novamente. Dessa vez, numa sala pequena e apertada com quatro paredes sufocantes e asfixiadoras, ele era o tirano do giz e ela a torturada presa a uma cadeira de onde desejava sair imediatamente.
Cabelo detalhadamente cortado, camisa listrada azul e branco, e café na mão, não pronunciou uma única palavra até terminar o café de outro corredores intermináveis. O café por alguns momentos era tão melhor que ela. A cada gole percorrido na garganta ela era tão pequena. O copo virado a tornava inferior e se encolhia cada vez mais. A caixa toráxica se espremendo entre os ombros. Até que ele se apresentou e trocou algumas palavras com ela. Então disse como quem comenta frivolidades:
-Já me aconteceu isso.
E ela saiu como se pisasse em plumas brancas, esperando o próximo encontro com as mesmas paredes "sartririanas", o mesmo giz na mão e o café sempre presente mas prestes a ser jogado no lixo em troca das palvras que ela pretende proferir.