terça-feira, 19 de abril de 2011

A eterna dor


Porque eu sinto doer sempre. Não uma, nem duas vezes, mas sempre. A cada badalo do relógio, a cada giro dos ponteiros, está lá doendo. Algo que eu não sei bem dizer o quê. Algo que não tem nome, cor, cheiro. Que acho ser você, mas não é. O que dói é bem maior que seu mundo colorido repleto de submundos inventados, amores gastos e umas doses de repetição alheia. O que dói em mim: dói. Não é uma coisa que se cura com birita. A vodka apenas ameniza, mas não passa. talvez a minha dor seja invisível e isso a torna ainda pior. Como se eu tentasse vencer algo que não vejo. Esmurrando o vento, chamando de inimigo meu maior amigo. É isso que não é capaz de compartilhar? a dor? de ser tão pequeno nesse mundo extravagante? Sim, é assim a dor. Uma constante comparação, capaz de tornar ínfima qualque metáfora pós-moderna. A dor está lá sempre como um bom monstro que aniquila, maltrata, gasta, te devora. A dor me dilacera. A dor: a ilusão de que há alguém que se habilita a também dor: a dor : a decepção daquele que a vende por não querer: a dor: sendo vendida porque nunca a sentiu deveras. Eu sinto a dor e isso não me torna superior. Ao contrário, me sinto fraco, inseguro, incapaz. A dor não permite que as ideias tomem corpo, que os planos ganhem traço. A dor apenas dói. A dor apenas sabe doer. Como agora, que está doendo doloridamente.

2 comentários:

Manuh das Oliveiras disse...

"A dor apenas dói. A dor apenas sabe doer. Como agora, que está doendo doloridamente."

dói em mim...

amo. meu melhor homem!

Jhon disse...

Alguém me disse que pra falar de sentimento é preciso se esvaziar dele. É uma dor que se assemelha tanto a tantas dores!
Não desejo que ela passe, porque não acontecerá, apenas que entenda o que ela é, isso pode amenizar.