domingo, 23 de outubro de 2011



Há um misto de paz e agonia por todos os lados. Eu não te sinto mais doer aqui dentro, mas ao mesmo tempo ninguém mais me doi. Deve ser por isso que a escrita anda faltando, talvez por isso que não leio mais os mesmo poemas, não recito os mesmos versos. As gavetas estão todas cerradas com os projetos, acho que foi lá que encerrei a ideia de continuar te amando. Acho que foi num cômodo vazio que te tranquei. E junto esqueci essa coisa meio músculo, meio entranha que vivia pulsando em mim. E agora ando por aí sem pulsação. caminhando pelas relações mais abjetas, sendo um numa soma de casos. O telefone finalmente toca, o encontro se marca, mas eu não sinto vontade alguma de ir. Eu acordo tarde, invento desculpas, deixo propositalmente o celular desligado. Escuto todos os dias a mesma música, todos os dias eu choro quando a Adele diz "don´t you remember the reason you love me". Mas de fato nem eu mesmo me lembro. Acabamos envelhecendo, acabamos apodrecendo, acabamos duplamente sozinhos. Eu vejos as cicatrizes e todas os traços novos que surgem na nossa pele. Cada marca, cada litro novo de vodka ingerido, cada carteira de cigarro amassada num cinzeiro entupido. E torço para que os caminhos se desencontrem, torço para que a distância perdure. Que essa falta de notícia, essa falta de palavras permaneçam. Tenho contido os dedos, tenho freado a língua. Estou até andando em outras rodas, me drogando com gente nova. Ando até mais paciente, até mais solidário. Escuto conversas chatas de amores novos, bebo com pseudo-intelectuais e fingo não me doer a ofensa. Parei de pulsar entende? Sou contido. Como algo que foi acorrentado e impedido de sair. Sou finalmete sociável. E as vezes me pergunto que merda é essa. E nessas horas, tenho recaída, fricciono uma mão na outra, grito o teu nome na escuridão e procuro ávido as chaves que te tirem daquela gaveta

Um comentário:

v disse...

Phármakon é um termo que significa, a um só tempo, veneno e remédio:

o que pensas?

v