domingo, 17 de agosto de 2008

Manifesto (meu) ao teatro

Uma coisa que me fere é o tema teatro. Corta, como feridantiga que não se cicatriza. É meu ponto ânsia de vômito. Minha sina. E o que eu queria simplesmente era fazer teatro , sem que para isso precisasse me passar por Negra Fulô ouvindo as falas da Sinhá. Sinhás sempre a praguejar: "Vá comprar comida, Fulô. Tô com fome!". "Fulô, ô Fulô, limpe esse espaço que isso aqui está uma sujeira." "Ô Fulô, compra meus cosméticos" "Fulô! Vixe Fulô! Não esquece os meus rémedios!"
Eu não queria ser reconhecido por cinco minutos em cena, nem tenho pretensão à vaidade de focos, de luzes e sombras, nem de elogios eloquentes e inefáveis. Quero apenas a consolidação de meu personagem. Que me sejam ofertados personagens. E não, que tenha que esmigálhá-los em disputas ridiculas.
Não quero ser alvo de intrigas, nem quero fazer intrigas por me privarem de ter o direito de falar abertamente, sem medo de errar. E me sentir confiante e preparado. Isento de perfis. Que possa superar ora meu corpo, ora meu tamanho, ora minha voz.
Quero teatro isento de interesses pessoais e financeiros! Utópico isso, não? Mas se o teatro é um sonho assim, meio meu, me deixa então idealizá-lo tal qual o estatuto da Dani, e daí?
Produzir, construir... Construir, desconstruir-construindo-uma-produção.
Que máscaras fossem apenas penduradas na parede e não vivesse coladas em rostos. Diaria-mente.
Abaixa o teatro privado! Para quê privado teatro? Deixemos o teatro se popularizar. Deixemos o teatro ser construído por todos sem hierarquias, meio jeito anarquista de ser. Que as contribuições sejam diferentes mas que equivalam no final. Afinal, eu só quero ensaiar uma peça e outra, e outra, e dormir teatro, acordar teatro, ir á praia para desintoxicar, preparando-me para outra overdose, e pegra texto, e decorar texto, e debater texto, e apresentar texto, e ser texto, meio linguistica-teatralmente-texto.
Murinho do Rio Sergipe, 14 de julho de 2008

3 comentários:

Fláviabin disse...

Seria bom se todo mundo reconhecesse a arte de não tirar dinheiro de tudo.
Seria muito bom mesmo fazer sobreviventes com vc...

Savanna disse...

Ainda no murinho di rio Sergipe ?
Tanta gente ja se sentou ai ...riu , chorou ,foi amigo ,ouviu historia de amor q n acontece...
se o murinho vc fazer um blog do q ja ouviu seria muita coisa...

Felipe disse...

De acordo.