domingo, 17 de maio de 2009

Amorfo Amor


Amorfo amor devora-me sem cor, sentidos ou qualquer outra forma de traço. Amorfo amor, degluti-me antes que amanheça e percebam nossa ausência, meio Calcanhoto e Caetano: antropofagicamente lento. Antes que atravessem esse oceano amorfo do nosso amor que separa nossos continentes. Amor, fora é só traçados que não me cerceam. Paremos então nos cumprimentos de todos, nos olhares incrédulos, e permitamos que vejam, que olhem que parem. O que interessa são as nossas linhas descontínuas, nossas nuances, nossos espirais incertos. Caminhos amorfos formam amores fortes. Festejemos então oh, querida. A primeira partilha será como a última: sem formas. O meu amor amorfo amadurece como amoras apodrecidas. Repito isso, pois é minha forma amorfa que transparece assim amor. E se apodrecer, haverá próximas primaveras próximas para realçar outros amores amorfos, sem formas como o nosso, para que sejamos eternos e únicos.

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