terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Carta aberta, após porre

Três anos com você
Três anos sem você
E agora me pergunto aonde tu foi parar
Três anos te amando
Três ano te odiando
E agora não sei se te reconheço mais.
te olho e não vejo a mesma de sempre. teu jeito encantador sumiu. Parece que escorreu pelo ralo, de repente.
O teu rosto transfigurou-se . deveria ter te feito um retrato para que não desfilasse pela rua essa expressão desdenhosa da vida. O teu cabelo que palpita, me agoniza. As tua unhas não permitem que os teus dedos sejam novamente anormais. E qual foi a última vez em que caíste levemente entregue ao chão, acovardada de desespero?
Não planeja mais minhas fugas, não finge que sou importante. Hoje me oferece uma lasanha congelada, jogos no computador, uma série americana. E cala. E eu do seu lado queria te dizer que todas as série americanas são alienantes, que odeio jogos no computador e que há lasanhas melhores. Mas, principalmente, que o teu silêncio nunca foi tão irritante e desesperador.
Vivo pensando em te ligar mas não tenho o teu número, tentei te deixar um recado mas estava ausente, quis bater na tua porta porém tive medo de não ser bem-vindo.
Na verdade, há quanto tempo não nos olhamos nos olhos? Eu já esqueci como é o teu olhar que antes me fazia apaixonado. Ainda existe os mesmo olhos? Quando foi que o encanto se quebrou? Onde eu estava quando você se tornou indiferente a mim? porque não pediu ajuda, implorou que ficasse, que não permitisse a mudança?
Porque sei que eu mudei. Mas bati na sua porta para dizer o quanto mais feio me torno com o passar dos dias. Será que percebeu que perdi aquela velha teimosia,a autoridade arrogante e os ouvidos que compartilhava a todos? Notou que estou ranzinza, velho solitário. Que nenhum objetivo se realiza, que não tenho mais tantos amigos? Que não há flores no meu caminho e que não saio mais abraçando e beijando desconhecidos. É... O que faço é tomar porre inconsequente com gente diferente da sua turminha! Quando bebo com a gente, eles me mostram como o mundo fede!E então eu percebo neles seres humanos inconformados com o vazio existencial e que bebem para curar"a dor do ferro entalado no peito que só cura com vodka". Você sente esse ferro?
Queria te diser que meus dentes amolecem quando estou bêbado, que minha primeira vez foi traumática e que já me chuparam. Te dizer que sinto saudades do futuro, que há uma mancha preta na minha mão direita e que cada dia tenho mais medo de morrer. Que penso em derrfame, suicidio, em roubar um chocolate. Que cantei Acalanto para minha sobrinha e ela dormiu. e Campari não me faz arrotar lustra-movéis. te dizer que troco o dia pela noirte, que choro com vários filmes e me apaixonei pelo Cazuza. E também, que me sinto estranho ao teu lado, desconcertado com teus novos amigos e que no teu mundinho não há espaço para mim, mas isso não me entristece. Que já saí de Aracaju e o céu de Arcoverde é lindo. Que continuo recusando bons convites e folheio o livro do Nelson Rodrigues. Contar que tenho um diário. Que já saí no jornal, emocionei poetiza, mas ainda não tenho reconhecimento. Falar que a família "tá" boa, que o fusca não sai da garagem e não sei substituir os "que´s" nesse texto. Que morro de vontade de te trazer aqui em casa, mas não sei se ainda és humilde o suficiente para vim. E que eu tive vergonha de te ver bêbada sem mim.
Três anos com você
Três anos sem você
E nessa equação
Parece que nunca te conheci.

20 de fevereiro de 2010

Um comentário:

Fláviabin disse...

Meu amigo, tenho alguns amores assim, um especial que anda me atacando em qualquer lugar ultimamente.
Eu que também sou apaixonada por Cazuza tenho que citar "as vezes eu amo e construo castelos, as vezes eu amo tanto e tiro férias e embarco num tour pro inferno.. -medieval 2". Eu penso nessa antiga paixão antes de dormir, ao acordar, quando bato o pé no canto da parede e choro penso em aproveitar as lágrimas e ligar dizendo que estou chorando por causa dele pra ver se comove, porque por ele, eu não consigo chorar mais.
Tenho vontade de trancá-lo em uma jaula pra poder contar tudo que fiz depois que ele foi embora, queria prender o público fisicamente, louco isso né?
Não importam os anos meu amigo, as paixões são feridas que nunca saram...