
"Azul e Vermelho piscando
pode ser sinal de perigo"
Reação
Lado a lado, um no azul outro no vermelho, revelavam-se distintos. Deitados num poço de papel-isopor silenciavam desencontro. O azul entregue ao sono, o vermelho entregue a solidão. O azul lívido, o vermelho desesperado.
Na ânsia de encontrar respostas para as recriminações, o vermelho virava-se de lado e chorava uma única lágrima de um único olho. O azul exasperava desprezo através dos cílios. E a porta a testemunhar à dois metros, com rangidos.
Não houve ruídos que interrompesse o constrangimento. O azul de olhos fechados parecia olhar fixo, como alguém que não vê. Enquanto o outro tateava o silêncio e desejava sôfrego que o sono fosse urgente.
Esperando algum acontecimento, o vermelho se excluía de qualquer tentativa, apenas mapeava profundamente a extensão da plenitude do corpo do Azul. O vermelho rastejava no saco enquanto o desejado permanecia imovél, esquecido no desconforto.
O Azul se rendeu a inconsciência de olhar para o teto, e lentamente perdeu a alma. Seu espírito vagava a dois metros do seu corpo. Instantaneamente, sentiu a mão de dedos alongados e úmidos tocarem sua nuca e pressioná-la contra o corpo. Corpo de outra alma. Corpo do Azul. Reviraram em toque e sucumbiram à beijos inexplicáveis: explodiram em gozo.
Voltando a consciência o vermelho percebeu o Azul ainda imóvel e compreendeu que tudo aconteceu entre os abismo dos centrímetros de dois corpos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário