sábado, 4 de junho de 2011

Para um amigo antigo....

Eu te quero bem. Assim, mesmo após todo o tempo - meus erros, os teus, ponteiro que não se cruzam - Mesmo que você nem se importe: eu te quero muito bem. Com todos os advérbios, adjetivos, complementos, termos integrantes, acessórios, com todos os acessórios. Eu te quero como uma gramática: normativa, cerceadora, chata. Um bem proveniente de um mal supremo. Porque eu acredito que teus potenciais poderiam te levar além, mas você optou pela escuridão e eu respeito. Porque você me ensinou a cair e a achar belo o tombo, me ensinou o desdém e o des-vínculo. Me mostrou como a minha insegurança é um cartão de visitas para a devassidão, o fracasso, a dor. Porque você acreditou em mim quando nem eu sabia. Você foi pai, guru, amigo, professor. Um pouco irresposéval, grosseiro, charlatão. Mas um amigo: presente, inquietante, marcante. Eu sei que você não aceita palavras bonitas, arroubos de declaração. Você não permite o belo viver, bater asas, criar rumos. Você é imundo! Você é sujeira e só! Mas as tuas imundices aos poucos foram me contaminando e hoje, não sei te tirar de mim. Você há de existir para sempre como uma influência devastadora. Uma dessas pessoas que a gente lembra nas noites de ócio, ódio, horror. Coisas que você ensina. Mas mesmo assim, queria que você soubesse e achasse bacana essa minha declaração rota. Eu te quero bem!

2 comentários:

Manuh das Oliveiras disse...

" só a certeza de sermos assim, tortos rotos ,mas ai de você sem mim"

Anônimo disse...

Tomei a liberdade e usei o texto pra fazer as pazes com um amigo, com os devidos créditos, é claro.
Escreve muito bem etc...