sábado, 26 de setembro de 2009

"Um dia estando entre nó o Atlêmtico
Senti tua mão na minha
Agora, tendo a tua mão na minha
Eu sinto entre nós o Atlântico"
(Drummond)


O banco não suportou o peso das nossas reflexões: Cedeu. Em estampidos surdos que só eu ouvia foi ao chão. Assim como outrora foi ao chão nossa relação incompreendida. Havia o Mar Morto entre nossas pernas. Que de olhos fechados tentava encurtar e eu de olhos abertos alargava. O banco de passageiros espatifava-se enquanto você estava entregue ao sono eu ao silêncio.
Adormecido, parecia morto. Mas eu te tinha em mente são e vivo. Durante o longo trajeto esperei por um interrupção, um pedido que aliviasse aquela espera. Que me deixasse desculpar-me pela ausência de culpa. Em minha mente repetias:
- É um distúrbio!
E eu te respondia:
- Te pago um analista. Fora das paredes da minha casa, és minha família.
E percebo agora que debochava. Sarcástico, sádico: ria. E a vodka não barata omitia esse detalhe tropêgo, assim como as tuas ações soturnas. Compreendi que o fator sexual importava, imolava, enquanto para mim é algo trivial.
Comentaram sobre teu corpo, sobre o teu preço. Te compararam a um vestido numa vitrine. Como aquele com uma rosa de brilhante que detonou com a Leotina. E me disseram:
- Como numa vitrine, apenas para olhar.
E eu respondi:
- Talvez compraria.
E outro me disse:
-Compraria e não usaria
E eu reagi:
- Compraria e guardaria no melhor dos cabides.
E usaria até o desuso. Até as primeira manchas, os primeiros furos. Usaria numa alucinação diurna, diária, diacrônica, jamais sexual. Porque é tão difícil entender que o Gozo é infinitamente menor que o Amor?
Entendi então que fugiu, de um confronto desnecessário. E após ter me feito de palhaço, me tornava tolo. Retornei realmente ao jardim de infância onde implorava do outro lado da rua, separado por uma faixa de pedestre, um abraço.
E empunhou uma chave, mas eu não tinha nenhum cadeado. E esperou até o último instante para saltar. E eu imaginei que continuaria. Fechei o livro e pensei em te dizer que evitei ler a morte da Ùrsula. Talvez incentivasse que eu devorasse a solidão. Então quando as portas se abriram foi o último a descer se despedindo . E eu senti falta da mão estendida que recusara. Percebi entãoi que jamais a ignoraria novamente. E eu disse quase sem força uma despedida. Mas não olhaste em minha cara. E vi suas costas pela janela. E meus olhos secos arderam áridos.
Então repeti que nada significava. Pensei em escrever. Mas receei que se tornasse apenas linhas. Desejei um conto . Porém era pessoal demais para ser subjetivo. E conclui:
- Basta pôr um título

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah, Leontina; pobre mensalina!
Saudades, meu melhor. Porque não o vejo, vou amando-o e tragando-o por aqui, mesmo que de quando em vez não me faça presente em forma de 'post'.