terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Uma história de parafusos

Certa feita, eu me assustei com um livro didático de História. Falava da industrialização no tempo das grandes guerras, e mostrava com todas as letras que os trabalhadores serviam apenas para apertar parafusos, e por isso lhes era negado o pensamento crítico. Então, tentei uma área que não me colocasse nessa posição, mas percebo que nela sou o próprio parafuso. Este que ao afrouxar deve ser substituído por outro, que não esteja enferrujado das maresias que desgastam qualquer integridade física química, e principalmente psicológica.
O caso é quando a ponta e as curvas do parafuso se adaptam ao buraco em que viveu socado. Quando está impregnado de poeiras das indústrias fétidas e sabe que não servirá para outra martelada, e o que lhe resta então, senão sucumbir à caixa dos parafusos usados que passam os dias ameaçando greves contra os industriais. Greves que nunca saem dos sonhos porque os parafusos precisam da aceitação de todos os membros parafusos que se negam por estarem profundamente socados no velho buraco que a cada dia cresce e se distorce.
È quando o atual parafuso passa a velho e esbarra no antigo, mais velho ainda, que zombeteiro deseja dias piores por não ter cavoucado em mais poeira. Com o tempo passa a esperar que o novo parafuso envelheça e seja retirado do seu posto na mesma condição.
O mais triste não é a propriamente a substituição, mas os momentos anteriores a ela. O momento em que se adquire o novo parafuso, a hora em que lhe tira o objeto que sustentava durante todos os dias. E o mais temível a chegada do martelo para lhe retirar do trono e martealienar o novo parafuso. O parafuso velho nunca é jogado fora, apenas vai parar numa caixa de costura, numa velha gaveta, sonhando ter serventia ainda.

ps: Apenas uma metáfora para dizer que o fim chegou e não há mais pão doce!

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