quinta-feira, 28 de julho de 2011

"Tô tirando férias, dando um tempo disso. chega de amar, chega de me doar, Chega de me doer" Caio F

O teu espaço está vazio agora. Tenho o nada e ele não me completa. Apesar de sentir os móveis no lugar, as roupas ordenadas, apesar do chão estar limpo. Eu me sinto incompleto. Esperando um outro objeto de idealização. Não há mais versos, não há mais prosa, as páginas estão todas em branco, a agenda está engavetada. E você está por aí. Eu estou por cá. Cada um para o seu lado, vegetando. Porque eu sei que você também não é completo. E sei que é esse medo de ser um que te assusta e te afasta. Agora quero me conter, me poupar, cuidar desse rosto, desse corpo, desse meu ser Quasímodo que você propagou. Não te quero bem, não te quero mal, não te quero perto, nem longe, apenas não conjugamos. Tô saindo de férias de mim, te vomitando no asfalto para que não sobre mais nada, nem um resto, nenhuma víscera. Estou me curando, mais uma dia sem, só mais um dia... (repito, antes de dormir).

Um comentário:

v disse...

Estas coisas fazem sofrer, mas o sofrimento passa. Se a vida, que é tudo, passa por fim, como não hão-de passar o amor e a dor, e todas as mais coisas, que não são mais que partes da vida?

Fernando Pessoa
Carta de término à Ofelinha