quinta-feira, 19 de março de 2009


Há meses posto aqui que ando a ler Os Desvalidos, fato que não acontecia. Comecei a lê-lo agora e estou estarrecido: como, tendo nascido tão próximo a mim, esse nobre senhor se manteve oculto de minhas leituras? As páginas em que preguei meus olhos me afiguravam como uma realidade intrínseca. Os lugares pelos quais Coriolano passava, as calçadas não descritas, a vizinhança pouco pronunciada, tudo me parecia tão familiar, tão meu. Independente dos anos que o contexto histórico da obra me afastava: senti-me parte desse processo. Minha memória afetiva reteve-se durante toda leitura a minha infância, com meu pai passando os mesmos privilégios e os mesmos dissabores que o protagonista, as velhas fofoqueiras que se acumulavam no parapeito, os doces que me viciavam, os amigos hoje ocultos. O Dantas me trouxe a lembrança de pessoas que estavam desvalidas dentro de mim, como é importante recuperá-las sempre.
Acho que é uma boa pedida para o meu pai...

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