quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Nada poético IV

As coisas mais bonitas que tinha para te dar, ofereci numa mesa qualquer.:Vinhos, cigarros e a sua recorrente inconsciência que me permite ser sincero. A tua recorrente traição que me humilha e me rebaixa mais do que qualquer palavra, mais do que qualquer silênciio. O que quer? Que grite em letras garrafais? Que estampe em todos os jornais que é você que me deixa infeliz? Que é por te ter hipocritamente que sobrevivo? Que tua presença me faz perder a noção do bem e do mal e do absolutismo? - deve ser isso, então, o romantismo!
Porque então aqueles comentários torpes, a insistência, o prazer do meu sofrimento em meio a tanta torpeza, o debruçar-se sobre o infeliz. Qual a necessidade de me fazer espectador? Qual a necessidade de se fazer cobaia disso tudo. Sofro duplamente: por ti e por mim.
Te odeio unicamente: por não ter reservado à confissão o valor que lhe era devido. Por não ter respeitado, por não ter repartido, por tão poucas considerações (sempre acabamos desconsiderando o próximo, porque?)
O radicalismo me afeta e te queria longe, distante, porque capitulamente me respondde que não há ciúmes. És inerte, fraco para assumir que o problema existe. Menino demais para esperar a
ânsia passar. Recorre logo a outros braços, recorre logo a outras necessidades.
Afinal, como faço para que me largue? Para que não exista mais você entranhado em mim? Como faço pra que apenas eu me machuque?
-...
Não respondes. É apenas mistério e sofrimento

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