domingo, 26 de setembro de 2010

Verdadeiramente

Eu te queria. Não sei se na minha cama, nua, com os cachos espalhados no meu travesseiro, com meu braço repousando sobre teus seios. Te queria verdadeiro, verdadeiramente. Com o desejo que me remete ao verbo querer. Com essa frase que insiste em não completar o pensamento, que insiste em não ordenar a desordem. Com muitos dois-pontos. Assim, com repetições, com vocabulário ínfimo, com tanto plágio: Te queria.
Absurdamente, entende? Com ânsia, com fome, com exacerbo. Te queria malucamente. Nos lugares mais estranhos: dentro do meu armário, dentro da minha mente, dentro de mim? Sei que queria com tanta força, com tanto egoísmo. Aos poucos, como uma droga que vai terminando, como o cigarro que vai queimando, te queria.
-Grito. -
Por mais tempo, com muito silêncio - coisa que me incomoda nos outros - Com essa dor que não me dói, mas me fascina. Te queria porque você me furta, me rouba, me cativa ainda? Sim é uma súplica!
Perto, frequentemente, em demasia. Deveras te queria mais próximo. Que me visitasse e me revisitasse. Que me tivesse pelo avesso: com meus medos, com minha parte mais suja, mais podre. Queria não apenas como uma bibliografia, não apenas como uma influência. Te queria na minha rotina, nesses teus trejeitos que me flagro repetindo. Com essa ausência, com essa falta que nunca se completa. Com esses textos que trocamos. Com esse texto que mesmo que chegue ao fim não é capaz de te dizer como te queria.
Te queria.
Simplesmente te queria.
Te queria (,) vê.

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