segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Nada poético III

"Eu faço viagens movidas à ódio" Ana C.
Sede demais afoga. Sede demais sufoca. Eu repito para mim mesmo, resmungando, enquanto esmurro a porta. Repito para mim ou para ti? Não sei. Em alguns momentos fica tão díficil delimitar onde termino e onde começas.
Qual é o medo que te consome? Some: o meu: toda a existência sem você! Madrugadas solitárias, abandonos em eventos, a falta da minha na sua poesia. Silêncio, reticências, beijos bêbados, a não-partilha dos fatos.
Eu assumo toda a culpa sem estalos, nem alardes. Sou eu que estou destruindo o inexistente. Sou eu que reparto os detalhes, conto as gotas da sua paciência. Sou eu que pulso pulsilânime. E não tu. Eu a acusar, a apontar com o dedo em riste. Eu que não noto que todas as pessoas são feitas de outras pessoas e te quero apenas no meu território, no meu domínio. (Essa escrita sem poética - fria, crua, vai acabar me fodendo, eu sei). Eu, egoísta como sempre, impregando tudo com o meu pronome possessivo, que faço verbo - sempre no presente do indicativo.
E agora viajo -odiento - que sempre está aí, virtualmente se esquivando. E nessa viagem choro copiosamente, momentos eternos de solidão descompassada. Queria te jogar todas essas traições que invento na sua cara. Ter um dia apenas em que não sejas a vítima e eu o malfeitor. Fazemos um mal enorme um ao outro, percebes? Reconstruo a frase: Te faço um mal enorme, percebe?
Te mando embora e espero o contrário. E quando noto que não está mais, quase que não respiro... de ódio!

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