domingo, 9 de novembro de 2008


Estou tentando sair dessa órbita que circunscreve os meus últimos dias, meses, anos. Calendário de maus presságios, ansiedade-unha-roída, atrativo de miasmas. Quero apenas desencanar, poder ver em meu vizinho um potencial além de fermento para engrandecer essa massa de empedernidos incuráveis.
Farto de desilusões, das mesmas músicas ordenadas num ritmo que não satisfaz, dessa maldita e infeliz conjunção "que" me persegue textos a fio. Desse taciturno e moribundo domingo repetido semana após semana. Resultado de decisões não tomadas, de vícios não controlados, de humilhações acumuladas.
Vergonha das gavetas pretas na minha alma, dessa indecente falta do que falar, aboletar, solicitar, pensar, planejar, sonhar, mofar, teorizar, acompanhar, evitar, raciocinar, economizar, argumentar, silenciar, metaforizar, desdenhar, calcular, projetar, caminhar, aventurar, palavrear, totalizar, remediar, remendar, escamotear, e toda essa sucessão de infinitos obsoletos em meu dia.
Eu apenas vou parar de deletar...

Um comentário:

Anônimo disse...

Lágrimas nos olhos. Expressa-se tão bem. Li seu texto e decidi: todos os dias são domingos.